Revoltas Nativistas no Brasil Colonial: o que foram, causas, exemplos e contexto

As revoltas nativistas foram movimentos sociais contrários a dominação portuguesa no Brasil.

Revolta de Filipe dos Santos: uma das revoltas nativistas
Revolta de Filipe dos Santos: uma das revoltas nativistas

 

O que foram e contexto histórico

As revoltas nativistas foram aquelas que tiveram como causa principal o descontentamento dos colonos brasileiros com as medidas tomadas pela coroa portuguesa. Ocorreram entre o final do século XVII e início do XVIII. A maior parte destas revoltas foi reprimida com violência pela coroa portuguesa, como forma de controlar seu domínio sobre a colônia brasileira.

 

Principais causas:


- Monopólio português do comércio de mercadorias.

 

- Preços elevados cobrados pelos produtos comercializados pelos portugueses.

 

- Medidas da metrópole que favoreciam os portugueses, principalmente os comerciantes.

 

- Conflitos culturais, políticos e comerciais entre colonos e portugueses.

 

- Altos impostos cobrados pela coroa portuguesa, principalmente sobre a extração de ouro realizada pelos colonos brasileiros.

 

- Exploração colonial praticada por Portugal.

 

- Rígido controle, através de leis, imposto pela metrópole sobre o Brasil.

 

Principais revoltas nativistas:


1. Revolta de Beckman

 

Ocorreu no Maranhão em 1684. Liderada por Manuel Beckman, teve como causa principal a falta de mão de obra escrava e o desabastecimento e altos preços das mercadorias comercializadas pela Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão, criada pela coroa portuguesa em 1682.

 

2. Aclamação de Amador Bueno

 

A Aclamação de Amador Bueno, ocorrida em 1641 na Capitania de São Vicente, foi um movimento nativista em que setores da população local, insatisfeitos com a submissão à Coroa Portuguesa após a Restauração de 1640, tentaram proclamar Amador Bueno como rei de São Paulo. Grande proprietário de terras e influente na região, ele recusou a aclamação ao perceber que a resistência poderia ser duramente reprimida por Portugal. Assim, declarou fidelidade ao rei D. João IV, evitando conflitos maiores e garantindo sua posição dentro da ordem colonial.

 

Pintura mostrando a aclamação de Amador Bueno

Aclamação de Amador Bueno: exemplo de movimento nativista. A pintura é de Oscar Pereira da Silva.

 

3. Revolta dos Mascates

 

Também conhecida como Guerra dos Mascates, ocorreu em Pernambuco entre 1710 e 1711. Teve como principal causa a disputa política entre os senhores de engenho de Olinda e os mascates (comerciantes portugueses) pelo controle de Pernambuco.

 

4. Revolta de Filipe dos Santos


Também conhecida como Revolta de Vila Rica, ocorreu em Vila Rica (Minas Gerais), atual Ouro Preto, no ano de 1720. Liderada por Filipe dos Santos, teve como causas:

 

- A cobrança de altos impostos e taxas pela coroa portuguesa sobre a exploração de ouro no Brasil.

 

- A criação das Casas de Fundição, criada para controlar e arrecadar impostos sobre o ouro encontrado na colônia.

 

- Proibição da circulação do ouro em pó, com punições severas para quem fosse pego com o ouro nesta condição.

 

- Monopólio das principais mercadorias pelos comerciantes portugueses.

 

 

Exemplos de de outras revoltas nativistas:

 

- Revolta do Sal (São Paulo e Minas Gerais - 1710): Revolta contra a taxação excessiva sobre o sal, essencial para a conservação de alimentos, levando à insatisfação dos colonos.  

- Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro - 1660 a 1661): Movimento liderado por produtores de cachaça contra a proibição da bebida imposta pela Coroa, resultando na expulsão temporária do governador.  

Conjuração de Nosso Pai (Olinda - 1666): Levante de senhores de engenho contra os altos tributos cobrados pela Coroa Portuguesa, mas rapidamente reprimido.  

- Motins do Maneta (Salvador-BA - 1711): Revolta popular contra o aumento de impostos e o alto custo de vida, liderada por Manuel Nunes Viana, conhecido como "Maneta".


___________________________________

Artigo publicado em: 22/05/2006. Atualizado em 04/02/2025

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).


 

Fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do artigo:

 

GOUVEA, Maria de Fátima. O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil – Colônia, Império e República. São Paulo: Moderna, 2000.

 

 

Bibliografia indicada sobre o tema:

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 1995.



Os textos deste site não podem ser reproduzidos sem autorização de seu autor. Só é permitida a reprodução para fins de trabalhos escolares.
Copyright © 2005 - 2025 História do Brasil.Net Todos os direitos reservados.